26 de fev. de 2015

Resenha: O Reino das Vozes que não se Calam


O Reino das Vozes que não se Calam
por Carolina Munhoz e Sophia Abrahão
Editora Rocco

Sophie é uma adolescente em pleno ensino médio, alta, ruiva, magra - muito magra mesmo - e aquilo que podemos chamar de reclusa. Reclusa por ser diferente dos demais alunos e, principalmente, por esta extrema magreza natural. Acusada de anoréxica, bulimica, portadora de algum tipo de distúrbio alimentar pelos "colegas" de escola e até pela diretora, Sophie restringe seu circulo de amizade a sua melhor amiga de infância, Anna - uma garota completamente o oposto dela.
Seus gostos são diferentes dos demais alunos, sua visão do mundo mais ainda. Os enxerga como monstros, criaturas grotescas em corredores metalizados, cinza, sem luz, pálidos. Já Anna, sua melhor amiga, faz parte desse mundo de popularidade, de aceitação. 
Até então a vida era, digamos, suportável. Mas tudo começa a desmoronar quando Sophie passa por uma humilhação publica e Anna perde toda a confiança que a (agora ex) amiga tinha sobre ela. Sophie fecha-se cada vez mais em si mesma, entregando-se à depressão e isolamento. Em certo ponto da dor, Sophie perde a habilidade de definir o que é real e o que é fantasia. Ela atravessa barreiras, véus, mundos, fronteiras ou o que quer que seja (ou queria chamar).
Adentra em um Reino onde ela é esperada, aceita e amada da forma que é. E isso a faz questionar se não seria o certo permanecer neste lugar.
Não é o primeiro livro de Carolina Munhoz que leio, por isso sei bem que sua linha é a fantasia, as fadas, bruxos e criaturas diversas das grandes possibilidades da fantasia, porém me peguei contestando a real existência daquele lugar dito perfeito. E me perguntando se Sophie não estava, ao final de tudo, apenas perdendo a sanidade. Não é essa a pior coisa que pode acontecer com uma fantasia? Não acreditar naquele mundo?
Entendi a intenção das autoras em relatar sentimentos e pensamentos da vida de Sophia com os problemas em pauta como bullying e suas consequências, e trazer isso para a classe infanto-juvenil. Tem potencial, bastante potencial. Todavia não foi algo com que eu pudesse dizer estar empolgada.
Carol procurou construir os personagens de forma gradativa, sem um perfil formado logo que eles aparecem no texto, porém algumas coisas me deixaram a desejar. Como, por exemplo, a caracterização exacerbada de Léo como "maneiro" e "descolado" na maior parte das vezes em que ele aparece. Senti falta de um pouco mais de personalidade em Sophie. Dizer as roupas que veste e o tipo de música que ouve, não te caracteriza muito bem. Digo, muitas vezes a achei egoísta e mesquinha. Quando as coisas não saiam bem como ela desejava no Reino, dizia querer voltar ao real. Quando as coisas saiam ruins na realidade, implorava pelo retorno do Reino.
Compreendo que o livro é uma estreia da multifuncional Sophia Abrahão ao mundo literário e outra fada para a coleção graciosa da Carol (Sycreth), e que tudo isso, pelo que li online, foi um presente da novata para os tirulipos. Mas eu não posso dizer que gostei de um livro que não gostei. E olhe que eu me esforcei para tentar captar as entrelinhas e gostar do que lia; infelizmente me senti exausta desde o primeiro capítulo.
Não desmereço o trabalho delas aqui, apenas não foi um livro que se encaixou em mim.

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