2 de fev. de 2015

Resenha: O Morro dos Ventos Uivantes

O Morro dos Ventos Uivantes
Por Emily Brontë
Editora Lua de Papel

“Na fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes nasce uma paixão devastadora entre Heathcliff e Catherine, amigos de infância e cruelmente separados pelo destino. Mas a união do casal é mais forte do que qualquer tormenta: um amor proibido que deixará rastros de ira e vingança.”
O Morro dos Ventos Uivantes foi o romance mais brutal e de difícil compreensão que eu já tive o prazer de ler até então. Ganhei de presente de aniversário (junto com Extraordinário e Finale) e corri logo para lê-lo. Todavia eu estava passando pelas correrias de uma terceiranista e protelei bastante cada página. ENFIM eu consegui terminar e fiquei como um bebê chorão sentindo uma pequena confusão e depressão pós-livro. Daí me perguntaram “confusão por que, Bia?” e eu respondi: Heathcliff é um personagem difícil, complexo, cruel e odiável, mas quando o fim veio chegando e eu me pus a refletir sobre os acontecimentos, esse vilão se tornou o mais humano de todos. Não vou entregar os pontos que me fizeram chegar a esta conclusão até porque o gostinho de ler uma resenha é o sentimento de querer descobrir esses detalhes por si só.
Estamos em 1801 e a narração nos é oferecida pelo sr. Lockwood, um forasteiro vindo da agitação das grandes cidades para um recanto nos cafundós da Inglaterra. Inquilino na Granja dos Tordos, é atingido por uma gripe causada pela nevasca que tomara em um dos passeios e fica de cama, recebendo os cuidados da governanta que recebera junto com a granja; Nelly (ou Ellen) Dean. Curioso sobre a formação da família e também pelo próprio sr. Heathcliff – dono da Granja -, Lockwood questiona Ellen e a faz contar toda a história que cerca os misteriosos moradores do Morro. Regressamos então à infância do proprietário pelas lembranças da amável sra. Dean.
Catherine e Hindley Earnshaw são irmãos e filhos legítimos do sr. Earnshaw. Numa de suas viagens, o patriarca volta para casa com algo além dos presentes que normalmente trazia. Um garoto sujo, maltrapilho e de cabelos escuros, com idade aparentemente entre a de Cathy e Hindley. Este (o mais velho, Hindley) manteve-se contra a estadia e permanência do ciganinho no Morro enquanto Cathy desenvolveu por ele uma forte amizade. Com o passar dos anos, mesmo com os fortes sentimentos que nutria por Heathcliff, Cathy decide-se por casar com Edgar Linton, morador e herdeiro da Granja dos Tordos. Magoado e devastado pela perda, Heathcliff foge e faz-se homem por conta própria.

“Seja qual for a matéria de que as nossas almas são feitas, a minha e a dele são iguais.”

Movido pela cede de vingança Heathcliff retorna e vai ao seu limite, destruindo a si mesmo, a Catherine e aos que os cercam. Tomados pelo amor obsessivo e possessivo, esse casal traçam um caminho tempestuoso em sem volta ao pior de si.
As personagens de Emily Brontë são os extremos das estruturas humanas. A futilidade que insistimos em esconder para manter o “socialmente aceito” e o status de que não somos ruins, a crueldade deixando o mundo das ideias, a raiva, a necessidade de amar e ser amado. A vingança, o rancor, assim como a inocência e a crença cega e instintiva. São as consequências de uma vida sem escrúpulos e de decisões mal tomadas. São o cuidado, a família, o amor. O amor! O amor está em tudo nesse livro e em cada oração. Brontë mostra que nem tudo é “Nicholas Sparks” e que o mar de rosas que pintam nem sempre se encaixa aos padrões de certas personalidades. Eles amam intensamente.

“Se olho para estas lajes, vejo nelas gravadas as suas feições! Em cada nuvem, em cada árvore, na escuridão da noite, refletida de dia em cada objeto, por toda a parte eu vejo a sua imagem! Nos rostos mais vulgares de homens e de mulheres, até as minhas feições me enganam com a semelhança. O mundo inteiro é uma terrível coleção de testemunhos de que um dia ela realmente existiu e a perdi para sempre!”

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