20 de mai. de 2015

Resenha: Os sofrimentos do Jovem Werther

Os sofrimentos do Jovem Werther
Por J. W. Goeth
Abril coleções

Antes de tudo, devo deixar a claro que não consigo falar dessa maravilha sem dar spoilers. E aqui se encaixa a discussão de até onde vai o spoiler. É um clássico, e acredito que muitos ouviram o fim desse livro antes. Mas, para evitar confusões, deixo claro aqui um aviso de spoiler.
É impressionante como alguém pode sentir, com tanta intensidade, algo que outros tratam com tamanha frieza. Werther sente tudo com uma intensidade descomunal e me arrancou lágrimas até quando observava pequenas coisas da vida as quais a maioria de nós deixa passar despercebido.
“Olho para dentro de mim mesmo e vejo um mundo; porém um mundo muito mais de pressentimentos e vagos desejos do que de realidade e forças vivas.”

Werther é um jovem muito inteligente, nobre por mérito e amante das belas artes como poesia e desenho. O romance é uma reunião de cartas que ele envia ao seu amigo Wilhelm contando-lhe sobre sua visita ao campo e as belezas que encontra por lá. Como as crianças, Werther é completamente apaixonado por crianças.
Nessa intensidade descomunal com a qual ele encara a vida, Werther encontra o amor numa bela moça chamada Charlotte, que, infelizmente para o nosso herói, está prometida a outro homem. Mas o compromisso de Charlotte não o impede de amá-la profunda e irremediavelmente. Criando dentro de si um desconforto imenso com a presença de Albert em seus encontros com Lotte, mesmo gostando do noivo de sua amada.
Werther e Albert são completamente opostos. Werther é o sentimento, é a doçura, é a impulsividade de uma alma livre. Albert é um burguês centrado, aplicado, seguidor das regras e bons costumes da sociedade.
Aqui, um homem que antes escrevia ao amigo sobre a beleza dos jardins, das crianças, dos vales, agora só lhe escreve sobre sua amada e suas infinitas qualidades. A vida de Werther passa a ser Lotte, literalmente.
Há um momento no livro em que Werther decidi deixar Lotte e se adaptar a sociedade, ao trabalho e os deveres mas, tudo perde a cor, a melancolia de não tê-la o consome e ele decidi voltar ao campo, onde Lotte e Albert já estão casados.
Infelizmente nem toda medida de amor faz bem e Werther, o jovem com alma de artista e de ideias fortes e bem estruturadas, se vê preso nas garras de um amor devastador.
Em nenhum momento Goethe nos dá a certeza de que Charlotte ama Werther e só mantem o casamento com Albert por ter sido ideia de sua mãe em leito de morte, mas em algumas passagens pela narração do autor fora as cartas, temos uma pequena apreciação dos sentimentos de Charlotte pelo nosso jovem sofredor e, particularmente, quero acreditar que ele não estava errado quando escrever: “Ela me ama! E como minha autoestima cresceu... Posso lhe confessar, pois saberá me compreender. Subi tanto em meu próprio conceito, desde que ela me ama!”.
Publicado pela primeira vez em 1774, Os Sofrimentos do Jovem Werther foi proibido sob a acusação de ter causado grande números de suicídios pelos jovens da época. Lendo nos tempos atuais em que tudo anda sendo banalizado, creio eu que alguns dos sortudos que terão um exemplar em mãos não entenderá Werther e seu ato de sacrifício; mas os jovens da época se identificavam com os sofrimentos do personagem e reconheciam sua ideia de total heroísmo e bravura no ato de tirar de própria vida. Chamo de sacrifico, pois o amor que acometeu Werther deu-lhe pensamentos assassinos em relação aos dois outros participantes desse relacionamento.
“Portanto, aqui não se trata de saber se um homem é forte ou fraco, mas se é capaz de suportar a medida de seu sofrimento, seja moral ou físico. Considero tão absurdo dizer que um homem é fraco porque se mata quanto chamar de covarde aquele que morre de uma febre maligna.”
Nunca antes estive tão embriagada por um clássico.
Más línguas dizem que o livro fora inspirado no próprio sofrimento de Goethe com sua Charlotte também prometida a outro. Johann Wolfgang von Goethe encontrara no seu conflito amorosa a inspiração para escrever seu primeiro sucesso, encontrando nas palavras o refulgiu para não cometer consigo o que o Werther fez.

Extra!

A vida e tragetoria de Goethe durante o que passou até escrever Os Sofrimentos do Jovem Werther foi para o cinema em 2010 com Alexander Fehling, Miriam Stein e Moritz Bleibtreu. Ainda não assisti, mas me pareceu interessante.
Até a próxima!
x B

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